terça-feira, 23 de novembro de 2021

A Zombaria do Amor

Sentei no banco da frente ao mar e encontrei o Amor. E não me reconheceu. No primeiro instante, não soube se deveria me aproximar. Havia tanto que me deixara. Como reagiria ao meu menor gesto de saudade?

Esbocei alcançar sua mão.

O Amor se encolheu.

Sussurrei qualquer bobagem.

O Amor suspirou.

Abriram-se diante dos meus olhos, como agudo arquivo, divino e humano, as memórias daquele a quem encontrei, conheci e por quem chorei, quando sumariamente me deixou. 

Me levantei.

Foi quando virou-se e riu, dizendo:

- Meu bem, não te lembras de mim?

(À)vista

Me comes com os olhos e eu gosto de ser teu alimento

Instauras em mim sentimento tão impuro quanto denso

Tua mirada me atravessa

Tua íris como garras

Ponta de lança que dança em meu peito desnudo e inocente

Atravessado e rasgado pela malícia que tanto condeno

Veneno

Que gosto de tragar

 

Tuas pálpebras são portais para um lago ardente

Ode a Baco

Indecente

Fileiras de carícias desvairadas

Varridas por teus cílios para meu íntimo

No país onde não há controle

Ilegítimo

 

As pupilas dilatadas pela droga do teu toque

Abarcam todo o resto que nem sei

Só sinto

Interno

Inferno

Cambaleando pelas ruas da cidade

Desmorono com um simples piscar

 

Envolto pela fina córnea de imoralidade

Bradando por prazer ensandecido

Com prazo de validade

Umedecido

Que decidas logo

Me amas ou me matas?

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

(oran)ge

the lighter, the better
like morning fresh air
can only compare
with love in a letter

off-season fruit
the tender sound of the flute
a kahlo's masterpiece
the countryside ease and peace

it might be just for awhile
as a child's first smile
but it means everything

'cause for long foraged
sometimes even dreaming
with the sweet taste of (oran)ge

mais alto

"o teu amor pe uma mentira que a minha vaidade quer"               e teu corpo em minha boca               é a verdade que meu des...