quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Alter Ego

No varal eu estendo a melancolia da manhã gris 
E de lá recolho o dicionário de desejos já manifestos
Homéricos 
Infeliz

Penso no que ser feliz seria
se prosa ou poesia
Se como tua presença doída 
Ou como tua ausência sofrida

Olho por sobre o muro e vejo meu inimigo 
Vejo neblina castanha no seu olhar 
Meu inimigo se parece comigo

Minha solidão vê-se acompanhada
Ainda que de mim mesmo

Liberdade acanhada.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Maré alta, paz refeita

Na praia todas as escondidas emoções florescem,
com o balançar das ondas, que, levemente, vêm e vão.
Com o voo rasante das aves sobre a branca espuma elas nascem.
Ao se pôr o sol elas já não mais estão.

Embora haja o cinza se querendo impor,
toda do arco-íris é esta e todas as outras horas.
O que encoraja a pétala a sobressair-se diante dos abrolhos e das folhas.
Há muito mais do amor do que há da secura e do temor.

Até quando parecemos não querer, queremos;
quantas vezes já não vimos isso acontecer?
Me parece razoável crer que tudo foi como deveria ser.

O tempo prega peças irônicas.
Quanto a mim, preferiu deixar-me memórias lacônicas. 
Eu escolho tomá-las todas, vivê-las todas e ser feliz pelo que pude, de ti, receber.

Soneto do Ontem

Um café.
Um violão.
Nós dois a pé.
Mais que um verão.

Andar.
Pensar.
Comer.
Te ter.

De dia,
queria.
Só pra ver.

À noite,
açoite
não te ler..

sábado, 28 de abril de 2018

Is the way we think really how we feel?

Away from home, though I can still feel the comfort.
Miles from you and I beam in someone else’s arms.
I don’t grim, ‘cause I don’t feel your harms...
happiness comes, goes, needing no effort.

Did I do wrong? I don’t think so.
Should I blame myself for finding shelter under someone else’s roof?
How can I forget that every single thing is a proof
that the love I felt disappeared in the haze of my soul?

I’m not saying this all meant nothing.
You know I’m not that cold,
but our moments grew old
and the moments apart taught me it is also not everything.

At the end I say you “thanks”.
You gave me what I needed.
I gave you all I had
A fair trade, someone thinks.

It is truly funny to think that now I can see,
after living what I fought you to avoid.
I was expecting feeling a dark death void,
but it was living light for me.

Do I love you?
Have I loved you?
Did I love you?
I will never be able to see it through.


sexta-feira, 27 de abril de 2018

Caso mal resolvido

É quando tentamos nos evitar,
numa tentativa frustrada,
de tornar vago o olhar.
Aliás… a quem queremos enganar?
Todos sabem que nos caçamos com o olhar.

Quando nos beijamos
é como se o mundo parasse
e nada mais importasse,
Seja num beijo, rápido ou não,
É complexo te ter entre as mãos.

Vou dizer que és o amor da minha vida.
Não é prepotência falar.
Porque temos apenas passagem de ida,
embora queiramos voltar.

Por Guilherme dos Passos.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Eu quero

Quero te beijar a boca,

Quero te beijar os braços e segurar palavras,
ainda que me doa viver de rodeios.
Prefiro sonhos à devaneios.
Prefiro eu levar-te; antes que tu me tragas.

Quero te beijar os olhos, mesmo que dormindo;
porque, ainda assim, posso te ver comigo.
Nos espasmos de uma noite sobre meu umbigo,
indiscreto, eu te assisto sorrindo.

Quero te beijar e acariciar as largas costas,
porque é ali onde eu encontro algum amparo.
Um afago, uma delícia, um sabor quase raro.
Um amor de sentimento vivo e de vidas sobrepostas.

Quero te beijar a boca.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Volatilidade

Ó minh’alma triste, que almeja o amor ao olhar os pássaros em seus ninhos.
Pensas tu que o alcançarás, ainda que todo o natural e o forjado apontem a outros lados?
E, ainda que o alcances, teria o gosto de mel do que inspiras viver agora, mas te vês privada?
Ou do fel de um sombrio e sombreante sentimento que marginaliza os dias do porvir?

“Encontrei o amor!”, bradou o incauto, que não o percebeu escapar entre seus dedos.
Lhe sobraram os medos de não amar outra vez.
“Tolice”, diz o cético. quem sabe por nunca ter sentido os arrepios que só o amor vem a causar.
Quem sabe por um lapso de verdade estonteante que o atingira.

Pois passam-se as horas, e não ouço palavras tuas.
Passam-se os dias, e não alcançam-me teus afagos.
É isto! Não… mas fora, um dia.
Por isso não vejo saída.

O amor, como o vento, vem e vai. Quem o pode evitar, sem que por sua força seja arrastado?
Ou quem o pode dominar, sem antes ser dominado?

terça-feira, 17 de abril de 2018

Com ou sem você.

teus olhos, teus ouvidos,
um segundo de total privação dos sentidos.
à luz fraca da sacada
fecha os olhos, me beija e mais nada.

devo ir? devo ficar?
quantos minutos até ele chegar?
não sei se suporto todo esse sentir,
me devora a ideia de ter que te dividir.

cada gota do teu sorriso me fascina.
me é impossível. me domina.
queria ir embora só pela manhã.
mas nunca mais nos veremos. pelo menos até amanhã.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Quão real é o abstrato?

um lustre.
a fumaça, que, escapando, realça os traços da luz.
as palavras, que, outrora não ditas, hoje permeiam os assuntos mais delongados.
é isto que se observa, de uma sacada qualquer, no nono andar.

uma sala.
no sofá, que serve de palco ao segundo ato.
ao fundo, a melodia real amalgamada aos suspiros.
nada do que se passa se confunde com o desacertado.

um quarto.
prometo que fazemos do seu jeito. com jeito. sem jeito.
intenso e exacerbado. com mãos precisas e bocas molhadas. safado.
transpirando o desejo, ecoa-se o sentimento: paramos aqui?

a manhã.
questões inacabadas e pensamento furtivo.
de um lado a beleza do que aconteceu, outra vez, há minutos.
de outro a incerteza de uma realidade confusa e, quem sabe, impossível. 

até mais. que se sucederá então?

domingo, 21 de janeiro de 2018

Em duras artimanhas dolosas, vês como viver?

Um verão,
duas almas,
algumas carícias.
Quatro estações,
cinco copas,
tantas delícias.

Uma chance,
dois estágios,
sem lamentos.
Cinco encontros,
muitos beijos,
bons momentos.

Uma vontade,
oportunidade,
entra no carro...

Duas da manhã:
- "tudo bem?"
- "Acende um cigarro."

Até que ponto,
enquanto se vive,
algo é mensurável?
Tudo é flor,
doce o sabor,
aroma agradável.



sábado, 20 de janeiro de 2018

Rabiscos

Ao som das águas
e sob o sol que insiste em se expor, 
percebo almas, 
na escura areia, 
que almejam mais de sua existência
e suspiram pelo que se anseia. 

Entendo o sol, 
que vê a si como dádiva. 
Me pergunto se há algo novo; 
algo além da lágrima. 

Encontro resposta no bater das asas de aves que, 
ao transitarem desavisadas, 
não reconhecem que a vida é mais do que se espera. 
Quase sempre, 
para enganar-se, 
a mente se esmera. 

No horizonte se escuta um frisson pausado... 
do existir silencioso de vidas que vêm e vão. 
Vidas que nem sempre têm. 
Mas vidas que sempre estão.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Amor, paixão e eu

Amor
a gente não cura,
porque não é dor.
Não há limite -
é só o meu palpite,
para o que se sente;
embora há quem tente,
ao deixar pendente
essa crença ardente
forte, contundente,
que se chama amor.

E a paixão?
Que te envolve,
tira o teu chão,
que te espreme,
e nem pede perdão.
Te isola num canto,
sem ouvir teu pranto,
roubando teu sono.
Ó, Deus... sei eu como!
Nem mais a palavra,
ou livro que eu abra,
me preenche o abismo
que tenho por paixão.

Quanto a mim...
Qual amargura escolhi sentir?
Qual sentimento causas, tu, em mim?
Enquanto escrevo versos,
corações dispersos,
pensamento altivo,
ouço o ruído,
da alta madrugada,
que já não traz mais nada,
de paixão ou amor.

mais alto

"o teu amor pe uma mentira que a minha vaidade quer"               e teu corpo em minha boca               é a verdade que meu des...