abriram-se as cortinas e entrou a luz do sol
o teu amor é meu
tapando os buracos de meu peito mal tratado
o meu amor é teu
nas noites boêmias, procuro teu rosto nas ruas
enxergo, de longe, a sombra da bossa que trazes
me dizes que és livre e, livre, te pões a sambar
confessas que teu amor está dado, pra quem quiser pegar
me pego pensando que quero pra sempre
viver as carícias e afetos que tenho pra dar
teus olhos me explicaram e quando entendi o meu corpo tremeu
o teu amor é teu
achei que não poderia viver com as agruras
de perder o amor que pensei existir só pra mim
mas percebo a leve lição que me ensinas
o meu amor é meu, e vai ser sempre assim
Tempo é domínio; usado para o que se tem fascínio, mesmo que quando menino. Por isso é no ônibus, entre a ilha e o continente, que escrevo sobre o que me faz contente.
sexta-feira, 29 de maio de 2020
Fodido
destruído, deprimido, acabado
com o peso de um piano nas costas, triste, desolado,
abatido, perdido, sem rumo, cansado
ofegante, sem pernas, choroso, tristonho, desamparado
já falei acabado?
caído, imprestável, jogado
sem forças, inerte, molestado
em prantos, desiludido, desalentado
pesaroso, emburrado, consternado
já deu?
com o peso de um piano nas costas, triste, desolado,
abatido, perdido, sem rumo, cansado
ofegante, sem pernas, choroso, tristonho, desamparado
já falei acabado?
caído, imprestável, jogado
sem forças, inerte, molestado
em prantos, desiludido, desalentado
pesaroso, emburrado, consternado
já deu?
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Chorei meus prantos e soluços, lágrimas do desencanto no escuro
tinha tudo
e, por saber que tinha tudo, quis mais
foi-se o símbolo do nosso amor
eu chorei
nunca deixei para trás as armas e os navios
ainda olho para o tempo e para seus feitos
e a certeza da escolha sábia
é a flecha que me atravessa o peito
foi-se o símbolo de nosso amor
pranto
sinto, todo dia, o tremor dos teus suspiros
os sonhos quase lúgubres que embalam meu desespero
foi-se a prova de nosso amor
soluços
lutar novas guerras
a busca pelo novo mundo
encontrar novas terras
coroar o ardor profundo
mas sem o símbolo de nosso amor, que foi-se
lágrima
nunca ousei usar de minha força para voltar o tempo
seria um desaforo com a originalidade da vida
e estás feliz! tu o dizes
mesmo sem o abrigo onde repousava nosso amor
desencanto
talvez não haja o que ouvir
senão o sussurro do passado
és Sansão e eu Dalila
cortei-te os cabelos
perdeste a força
e eu me escorro
como cera
no apagar
da última vela
de nosso amor
escuro.
domingo, 17 de maio de 2020
Dor!
Tive dois amores na vida, e os dois me mostraram a dor. Sinto amor pelos dois e dos dois. Um me amou do jeito DELE. O outro me amou do JEITO dele. E as diferenças de entonação mudam totalmente a regra do jogo. A única semelhança é a dor.
Mas a pedra cantada é que o amor não termina. E poucas coisas são tão fúnebres quanto a imortalidade do amor. E, por isso, o amor dói.
O mais engraçado é que eu não quero mudar nenhum dos dois amores. Histórias (fodas)! Eu, sim, queria ter tido mais. Naquela época e hoje. Das duas. Mas que tem a vida a ver com o que eu quero?
Talvez as duas permaneçam e voltem. Talvez as duas tenham encontrado o invariável fim que o tempo a tudo impõe. Não se pode materializar o eterno. De eterno, só o amor. A crueldade da eternidade é, justamente, o tempo, que passa. E a permanência do amor. Com dor.
quarta-feira, 6 de maio de 2020
Entre o grotesco e o sublime
Duas são estradas do drama da vida.
A elas chamo riso e choro.
O choro é a alma quebrantada.
O riso é a quebra do decoro.
O riso se apoia no grotesco.
O choro se purifica no sublime.
O choro é a rosa que deprime.
O riso, o girassol mais pitoresco.
O riso é profano,
É dado, é vulgar.
O riso se entrega fácil,
Em todo canto se pode achar.
O choro é dono de si.
O choro a todas as vozes entorta.
Altivo, não se mostra.
Só dá as caras quando importa.
Não há expurgo em quem não põe-se a chorar.
Não vê o belo, pelas lentes lacrimosas.
Não se liberta das regras tão maldosas,
quem não gargalha sem ter medo de errar.
São duas as estradas do drama da vida:
O choro e o riso.
Não se vive neste mundo sem sorriso,
nem sem choro ou sem lágrima vertida.
A elas chamo riso e choro.
O choro é a alma quebrantada.
O riso é a quebra do decoro.
O riso se apoia no grotesco.
O choro se purifica no sublime.
O choro é a rosa que deprime.
O riso, o girassol mais pitoresco.
O riso é profano,
É dado, é vulgar.
O riso se entrega fácil,
Em todo canto se pode achar.
O choro é dono de si.
O choro a todas as vozes entorta.
Altivo, não se mostra.
Só dá as caras quando importa.
Não há expurgo em quem não põe-se a chorar.
Não vê o belo, pelas lentes lacrimosas.
Não se liberta das regras tão maldosas,
quem não gargalha sem ter medo de errar.
São duas as estradas do drama da vida:
O choro e o riso.
Não se vive neste mundo sem sorriso,
nem sem choro ou sem lágrima vertida.
segunda-feira, 4 de maio de 2020
A Estação Certa Chegou
Existem pessoas que germinam. Sim, elas germinam. São plantadas, exigem cuidado. Parece um milagre, mas dentro de si mesmo tinha tudo que precisava, como uma semente, pra se reinventar.
É que na vida, as vezes, a gente precisa do buraco. A gente precisa que joguem terra em cima; e que ainda nos afoguem um pouco.
Quando nos damos conta, aquela goiabeira linda na nossa frente. E digo goiabeira, porque é grande, faz uma sombra bacana... e porque a fruta é gostosa!
Talvez, pensando bem, tudo que a gente precise seja de um buraco, se sentir enterrado e afogando, pra germinar.
A Deus Entregues (Ode)
Se te toco o lábio,
mesmo que não com os meus,
sinto um palpitar tão dúbio
como o grito de mil coliseus.
Se me tocas as pernas,
ainda que tensas pelo nervosismo,
perigas lançar-me no abismo
De desejar tuas carícias eternas.
Teu sorriso. Ah, teu sorriso!
Que o lápis divino cuidou de desenhar.
Faz que o tempo passe sem aviso.
Se não posso agora tocar-te o corpo,
vou lembrar-me de teu amor em desconforto.
Pelo teu sorriso, que me pode a pele penetrar.
mesmo que não com os meus,
sinto um palpitar tão dúbio
como o grito de mil coliseus.
Se me tocas as pernas,
ainda que tensas pelo nervosismo,
perigas lançar-me no abismo
De desejar tuas carícias eternas.
Teu sorriso. Ah, teu sorriso!
Que o lápis divino cuidou de desenhar.
Faz que o tempo passe sem aviso.
Se não posso agora tocar-te o corpo,
vou lembrar-me de teu amor em desconforto.
Pelo teu sorriso, que me pode a pele penetrar.
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