sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

CUTEST

a luz acanhada dos teus olhos
pedra preciosa, tesouro bruto
teu sorriso destemido, entregue, sincero
terra onde não há luto

me envolvo na tua imagem
me encanta teu profundo, faço minha viagem

quero tudo que vejo
me perco no afã do teu beijo
quimera de anjo em desejo. 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

A Zombaria do Amor

Sentei no banco da frente ao mar e encontrei o Amor. E não me reconheceu. No primeiro instante, não soube se deveria me aproximar. Havia tanto que me deixara. Como reagiria ao meu menor gesto de saudade?

Esbocei alcançar sua mão.

O Amor se encolheu.

Sussurrei qualquer bobagem.

O Amor suspirou.

Abriram-se diante dos meus olhos, como agudo arquivo, divino e humano, as memórias daquele a quem encontrei, conheci e por quem chorei, quando sumariamente me deixou. 

Me levantei.

Foi quando virou-se e riu, dizendo:

- Meu bem, não te lembras de mim?

(À)vista

Me comes com os olhos e eu gosto de ser teu alimento

Instauras em mim sentimento tão impuro quanto denso

Tua mirada me atravessa

Tua íris como garras

Ponta de lança que dança em meu peito desnudo e inocente

Atravessado e rasgado pela malícia que tanto condeno

Veneno

Que gosto de tragar

 

Tuas pálpebras são portais para um lago ardente

Ode a Baco

Indecente

Fileiras de carícias desvairadas

Varridas por teus cílios para meu íntimo

No país onde não há controle

Ilegítimo

 

As pupilas dilatadas pela droga do teu toque

Abarcam todo o resto que nem sei

Só sinto

Interno

Inferno

Cambaleando pelas ruas da cidade

Desmorono com um simples piscar

 

Envolto pela fina córnea de imoralidade

Bradando por prazer ensandecido

Com prazo de validade

Umedecido

Que decidas logo

Me amas ou me matas?

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

(oran)ge

the lighter, the better
like morning fresh air
can only compare
with love in a letter

off-season fruit
the tender sound of the flute
a kahlo's masterpiece
the countryside ease and peace

it might be just for awhile
as a child's first smile
but it means everything

'cause for long foraged
sometimes even dreaming
with the sweet taste of (oran)ge

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

f(r)icção

todo poema é uma pequena f(r)icção 
de um mundo que poderia existir

lar do bem

no segundo...

                    ETERNIDAD!

todas as nossas veias

        s
         a
          n
           g
            r
             a
              m

                 a
                  b
                   e
                    r
                     t
                      a
                       s


por todos los tiempos que 
nunca hemos vivido...

        la sangre pura de los
                                                            INOCENTES


grita Amor indignado!

descontente por tudo, feliz consigo
            CONOSCO

nos segundos que temos juntos
    CREAMOS EL INFINITO!

por siempre, unidos o                             lejos
        amigos, hermanos... no más
                                                                                porque nada mais nos importa

senão este amor. este amor! nosso. real. sem máscaras. imaculado e cheio de falhas. 
OTRA VEZ INDIGNADO!
                            pero... feliz.

porque hemos hecho todo. juntos. BIENVENIDO, amigo-irmão: ao lar do bem.

poema escrito no dia 3/7/21, na residência do bem.


quingentésima vez

me fudi

ferreiro

o sibilar das cordas do violão
ecoa como marreta
sobre o ferro do meu peito

sinto perceber que, mais do que ferro...
sou ferreiro.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

o ingênuo feliz

sou-te grato, coração incauto, 
porque desafias a lógica e acertas ao errar
errar, sim, por talvez não encontrar lar 
no funcionamento das coisas como supostamente deveriam ser
mas cansado da areia que te antes soterrava em pranto
exausto
resoluto

por isso, em ato descabido, corajoso, ingênuo e cru
rebelando-se contra o que tentou impor a racionalidade cerebral 
gritaste: "basta! ja não chega ser eu miserável, pobre, cego e nu?
a quem importa ou interessa tratar-me de forma vil e imoral?"

largaste os grilhões da seriedade opaca dos neurônios em conluio
abraçaste o amor surrado no passado
enfrentaste o olhar estranho de outras vísceras
e me tornaste feliz.

e, por isso, sou-te grato.
porque desafias a lógica e acertas ao errar.
abandonas o que era ou tinha de ser, posto que nada é sua forma final e inapelável
para ser o que precisas, aqui e agora... feliz.

o que dizia meu pensar era contraposto pelo que sentias tu, coração. 
e, por isso, sou-te grato.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

com nome

(s)empre que o sol se põe
(a)inda a luz no céu compõe
(u)m soneto com tuas iniciais

(d)ali mesmo me toma este caso
(a)ntes das cores do completo ocaso
(d)ominado por suspiros e ais

(e)nquanto penso apenas e tão somente em ti

sábado, 24 de abril de 2021

pathos

Não tem nada mais humano que sofrer por amor. Humano como escolher; e sofrer pela renúncia. Nada é tão humano quanto sofrer. Não sei se inato ou adquirido, mas é nosso. A gente dança, a gente cansa. Logo vem o fim da festa. Quando vê, já foi. Maldito tempo que passa!

Os demônios internos gritam mais alto do que tudo que vem de fora. Nos percebemos a somatória de todas as coisas que odiamos. É quando se alinham os astros e a vida corrobora com a melancolia. 

Cometemos absurdos por nos acharmos felizes! Eu mesmo falo bobagens. Mas esqueço de tudo. E chega algo como uma exasperação caudalosa, que me chicoteia as costas, me estampa a solidão no pelo e derruba o frágil castelinho de areia que se construiu para proteger o que não sei. 

Ah! Tudo que me resta é patético e só. Patético porque apaixonado. Apaixonado porque sentimental. Sentimental porque abandonado. Abandonado porque insuficiente. Insuficiente porque só. Só porque sim.

Cindido pelas sístoles e diástoles do sentir, amar é sofrer.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

novamente, olá

a vida é a arte do reencontro

minha riqueza é reconhecer meu peito marcado com teu selo e perceber que valho algo, em qualquer terra ou pátria.

se não por mim, pelo que carrego de ti.



big bang (ou éden)

já escreveste sobre meu abraço.
eu nunca escrevi sobre o teu. talvez eu o faça em 200 anos, em outra vida, quando alguma língua possuir conjunto de palavras que o descreva. hoje, nenhuma chega perto de arranhar a superfície.

não sei se deus existe. mas, qualquer que seja o caso, há sentido na resposta. caso sim, ele se faz homem pelos teus braços. ele me faz homem entre teu abraço. caso não, foi teu abraço que criou o mundo. ele criou o meu mundo. 

teu abraço te faz poeta, escreves na minha pele; teu abraço te faz pintor, surrealista, como Dalí, e derrete o tempo. teu abraço te faz compositor, como nem Caetano sonhou ser. teu abraço te faz juiz dos meus sentidos e detentor do meu juízo.

quisera eu possuir teus braços para curar o mundo com o teu abraço.


mais alto

"o teu amor pe uma mentira que a minha vaidade quer"               e teu corpo em minha boca               é a verdade que meu des...